Três países na América do Sul desenvolvem projetos heliotérmicos atualmente. O Chile, com a construção de uma usina de 110 megawatts, lidera o páreo e vem atraindo grande interesse da indústria heliotérmica como mercado emergente. Enquanto isso, o Brasil e a Argentina desenvolvem seus primeiros projetos de energia heliotérmica e se mostram cada vez mais abertos à introdução dessa tecnologia na rede elétrica e, especialmente, em aplicações industriais.
Em outubro de 2013, foi assinada no Chile uma lei que estabelece que 20% da geração solar do país seja feita por meio de fontes renováveis não convencionais até 2015, incluindo solar fotovoltaica e heliotérmica. A partir daí, o Ministério da Energia e a Corfo (Corporación de Fomento de la Produccíon) passaram a promover licitações e a aceitar propostas de projetos na área.
A primeira planta heliotérmica na América do Sul, a Atacama-1 (foto), será construída pela empresa espanhola Abengoa Solar na região do Antofagasta, no norte chileno. O projeto terá capacidade de 110 megawatt (MW) e 17,5 horas de armazenamento térmico, possibilitando a distribuição de energia limpa ininterruptamente 24 horas por dia. A aprovação ambiental para construção da Atacama-2, com 110 MW heliotérmicos e 100 MW fotovoltaicos, já foi concedida.
A região chilena do Antofagasta é uma das áreas que mais recebem radiação solar direta no continente sul americano e no mundo. A área é vizinha à província de Salta, na Argentina, onde o primeiro projeto heliotérmico argentino será construído.
Apesar de a Argentina demonstrar interesse em relação à heliotermia desde 2010, somente em 2013 o Instituto Nacional de Tecnologia Industrial e o Instituto de Investigação em Energia Não Convencional (INTI e INENCO) anunciaram um projeto no país. A primeira aplicação heliotérmica efetiva no país será uma usina piloto de 30kW utilizando a tecnologia Fresnel linear e desenvolverá o conceito de “cascatas de energia”: após o calor passar pelas turbinas de geração elétrica, o calor residual será novamente aproveitado em ventiladores de uma planta de secagem de pimentões para a fabricação de até cinco toneladas de páprica.
O mercado brasileiro para energias renováveis também se mostra bastante promissor para a consolidação da heliotermia. O Brasil estabeleceu uma meta de ter 3,5 gigawatts de capacidade solar em operação até 2023, produzindo cerca de 1,8% da eletricidade do país. Atualmente, um projeto piloto de 1MW já está em andamento, em Petrolina, Pernambuco. Além disso, em julho de 2014, a Agência Nacional de Energia (EPE) realizou um leilão A-5 para contratar energia, incluindo 240 MW em projetos heliotérmicos espalhados pela região do semi-árido.
O Brasil tem avançado também na aplicação industrial da heliotermia. A Petrobrás planeja criar uma planta de geração de calor com foco no tratamento e na separação de óleo. A planta, concebida com a tecnologia torre solar, está sendo projetada com capacidade de 3 MW. Outro exemplo importante é o da empresa italiana Archimede Solar Energy, que em novembro de 2013 anunciou a construção de uma planta de calhas parabólicas com capacidade de 1,4MW para alimentar a fábrica de pneus da Pirelli em Feira da Santana, na Bahia.
Ainda que a inserção da heliotermia na rede elétrica sul-americana esteja em fase inicial, muitos mercados já encontram-se maduros para aplicações na indústria e preparam o terreno para a integração da tecnologia em suas redes elétricas. Com o início das operações dos primeiros projetos no continente, será uma questão de tempo até a heliotermia crescer no Mercado sul-americano.
Fonte: https://www.ambienteenergia.com.br